O servidor Jó Branco Machado, de 61 anos, foi preso na terça-feira (19) suspeito de cobrar R$ 700 para executar um serviço que não poderia ser realizado pelo Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), em Anápolis, a 55km de Goiânia. A negociação foi gravada por uma motorista, que não quer se identificar De acordo com a autora da gravação, a mãe dela levou uma multa durante uma blitz porque o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) estava atrasado. Como o veículo está no nome da jovem, a infração foi registrada no nome dela, que ainda tem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) provisória. Para não perder a permissão, ela tentou transferir os pontos para a mãeA motorista estranhou a postura do servidor e decidiu gravar a conversa. No áudio, a mulher pergunta: “Fica em quanto?”. O servidor responde que custa R$ 700. Ela questiona se “fora disso não tem jeito”. Machado responde: “Não. Ela vai perder a carteira”.

Em seguida, a mulher pergunta como fazer o pagamento. Ele diz que basta “trazer cheques na carteira e no dinheiro”.

A autora da gravação levou o áudio à delegacia. A polícia prendeu Machado quando o pagamento seria feito.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Manoel Vanderic, o servidor disse que não é o único a fazer esse tipo de cobrança no Detran-GO. “No caminho à delegacia, ele chegou a alertar: ‘Poxa, só eu vou ser preso? Todo mundo pratica essa conduta e só eu que vou pagar pelo pato? ’”, contou Vanderic.

Após essa declaração, a polícia investiga a atuação de outros servidores. Machado deve responder por corrupção passiva. Se condenado, ele pode pegar até 12 anos de prisão.

Em nota, o Detran-GO informou que não pactua com qualquer irregularidade e que irá abrir uma sindicância pra apurar a conduta do servidor. Caso seja comprovada a participação dele na tentativa de corrupção, o servidor responderá a processo administrativo disciplinar que pode resultar em exoneração.